quarta-feira, 21 de abril de 2010

Ainda sobre o dia Internacional do Livro

@ Livros

por eduardo macedo de oliveira


Nas estantes repousam pacientemente à espera de um olhar curioso, um manuseio carinhoso, um folhear apaixonado, quem sabe, de uma lembrança fugaz e repentina. Juntos, permanecem elegantes e austeros; solitários, ao contrário, encontram-se adormecidos e tristes.

Às vezes didáticos, antológicos, românticos, dramáticos ou permeados pela ficção, sempre dialogam silenciosamente, entregues aos olhares ou ao suave deslizar das digitais nas suas páginas em braile.

Ao explorá-los embarcamos para terras longínquas, voos misteriosos e caminhos desconhecidos. Elucidam-nos e revelam-nos inéditos saberes e mistérios. Sentimo-nos plurais e livres nas decolagens intermináveis da imaginação e aterrizamos nas profundezas inexoráveis do conhecimento e da emoção.

Tornamo-nos companheiros, cúmplices, confidentes e admiradores. Habitam nossos corações e mentes, segredos e temores. Juntos, desvendamos o presente, traduzimos o passado e espalhamos o futuro.

Enfim, encontramos a luz através das palavras, o universo através da leitura, a vida através dos livros. Que sejam eternos!

outono, 2010

Dia Mundial do Livro

Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autorais - 23 de abril


book day animation
Ao celebrar este Dia mundialmente, a UNESCO procura promover a leitura, a publicação de livros e a proteção da propriedade intelectual por meio dos direitos autorais (copyright).
No dia 23 de abril de 1616 faleceram Cervantes, Shakespeare e o Inca Garcilaso de la Vega. Na mesma data nasceram - ou morreram - outros escritores eminentes como Maurice Druon, K. Laxness, Vladimir Nabokov, Josep Pla ou Manuel Mejía Vallejo.
Por este motivo, a data tão simbólica para a literatura universal foi escolhida pela Conferência Geral da UNESCO para render uma homenagem mundial ao livro e a seus autores, e estimular a todos, em particular aos mais jovens, a descobrir o prazer da leitura e respeitar a valiosa contribuição dos criadores ao progresso social e à cultura. A idéia desta celebração partiu da Catalunha (Espanha), onde neste dia é tradição dar uma rosa ao comprador de um livro.
O êxito desta iniciativa depende fundamentalmente do apoio que recebe dos meios interessados (autores, editores, livreiros, educadores e bibliotecários, entidades públicas e privadas, organizações não-governamentais e meios de comunicação), mobilizados em cada país pelas comissões nacionais, por redes especializadas, associações, centros e clubes UNESCO, redes de escolas e bibliotecas associadas e outros que se sentirem motivados para participar desta festa mundial.
Para informações adicionais sobre o Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autorais, por favor, visite:
Site oficial:
Fonte em Multimídia:
Veja mais em:
http://portal.unesco.org/culture/en/ev.php-URL_ID=5125&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html  


    segunda-feira, 19 de abril de 2010

    O significado do termo ALUNO e EX-ALUNO

    Etimologias

    in: http://www.letras.ufrj.br/proaera/cvhc.htm (Textos em Blocos)

    Poucos conhecimentos são mais sedutores do que o da etimologia. Todos gostamos muito de saber de onde vêm as palavras que usamos.

    Do tupi, do grego, do latim ou do árabe, essas origens nos encantam e nos proporcionam uma sensação indescritível de participarmos de um enredo em cujo fim muitos julgam encontrar-se.

    As etimologias têm servido, portanto, para propiciar essa inserção na história através de uma língua que nos une às nossas origens, às origens que desejamos. Esse primado devolve-nos a Idade Média, a Antigüidade, mas também a delícia que é cortarmos transversalmente essa linhagem européia, com nossos étimos africanos e autóctones.

    Tudo isso a etimologia tem nos dado, e mais, ela ainda oferece algumas ajudas nada desprezíveis nos apuros ortográficos em quase todas as línguas européias. Apesar de tantos benefícios que o conhecimento das raízes dos vocábulos é capaz de oferecer, ainda se quer extrair dele o que ele simplesmente não pode dar.

    Em um contexto em que já não se faz mais necessário essa inserção, dada mais pela mídia do que pela partilha de um passado comum, prolonga-se o primeiro atentado ao uso da etimologia.

    Cada vez com mais freqüência ouvimos que tal palavra vernacular tem - ou não tem - tal ou qual significado porque em grego significava isso ou aquilo, ou isso ou aquilo em latim. Não é preciso dizer o quanto é errado isso, mas o problema é que continuamos ouvindo esse tipo de coisa em ambientes cada vez mais elevados.

    Dessas etimologias supremas, capazes de imperar sobre a semântica, destacam-se as que se relacionam com o grego. Parece irônico, pois é justo aí que nos distanciamos mais do étimo. Isso porque não herdamos nenhuma palavra diretamente do grego. As palavras passaram ou pelo latim ou pela necessidade de neologismos que a tecnologia e a ciência nos impuseram.

    Assim chegou-nos a palavra 'gramática', do latim 'grammatica', e não do grego 'grammatiké (tékhne)', com o qual o português nunca teve o menor contato. Pela outra via, chegaram-nos palavras como 'telefone', que -
    escusa-se dizer - não fazia parte da realidade da Antigüidade ou da Idade Média.

    Claro que 'grammatica' foi uma palavra importada do grego. Claro! Mas está lá, na língua latina - e, por conseqüência, no dicionário latino. Desse uso e dessa apropriação completa redundou a nossa 'gramática', e não de uma outra idéia e de um outro uso que os gregos, em sua insondável pluralidade étnica, atribuíam à 'grammatiké (tékhne)'.

    O grande Ferreira Gullar teria dito certa vez que a crase não foi feita para humilhar ninguém. Pois adapto e digo: a etimologia não foi feita para ensinar semântica a ninguém.

    Resta agora apenas dizer que há uma etimologia que precisa ser feita, uma que não -hesito em chamar de 'história dos étimos', e que procure auxiliar o historiador da língua a localizar o texto e o contexto de um momento de um determinado uso de um determinado étimo. Alguns dicionários etimológicos já deram um grande passo nessa direção, registrando o que consideraram momentos-chave dessas histórias. Mas muita coisa ficou por fazer, e é isso mesmo que acho que devem fazer os verdadeiros etimólogos, que deveriam
    também ser autênticos historiadores dos conceitos, e não normativistas da semântica usual, literária e sobretudo filosófica.

    "Em estado de dicionário" ou ainda o "imexível"

    1

    Aurélio são e Houaiss,
    Caldas Aulete e Morais
    para todos os mortais
    e de todos nós, os pais.

    Está no dicionário o verbo 'dicionarizar'. A definição é clara e quase unânime: "incluir em dicionário". Esse verbo, no entanto, só tem como sujeito real o lexicógrafo, que, ainda segundo o dicionário, é quem elabora
    dicionários.
    Desse profissional, ainda que trabalhe em equipe, não deveríamos exigir a perfeição. Mas sempre esperamos por isso.
    Para a maioria das pessoas, uma palavra dicionarizada é o mesmo que uma palavra existente.
    Lá está o dicionário, onde encontramos, a ortoépia, o significado preciso, a regência correta, a etimologia, sinônimos, antônimos, além de expressões idiomáticas e exemplos de emprego.
    Essa massa bruta de palavras e folhas sempre ameaça nosso saber, insinuando nossa ignorância.
    Do verbo dicionarizar, veio uma palavra que assusta todos os usuários do registro culto da língua: o particípio "dicionarizado".
    Que esse seja, então, se me permite minha generosa leitora, nosso assunto de hoje.
    Sob esse particípio repousam todas as palavras que estão ali, no dicionário. Todas as palavras que ali descansam à espera de quem as tome para uso. Isso é maravilhoso, é certo. Lembra-nos as notas musicais que repousam em nossa memória auditiva, e que, dela saindo, podem gerar as mais belas sinfonias e os mais desastrosos ruídos. Assim também a palavra dicionarizada.
    "Dicionarizado", contudo, também esconde uma ameaça repressora, que não se pode negligenciar. Esse particípio abriga, além de suas possibilidades de desdobramento e uso, o símbolo máximo do poder lexicográfico, o cetro real da lexicomania pseudo-erudita, a desrazão esdrúxula de considerar-se que um dicionário pode registrar ou oferecer todas as possibilidades lexicais de uma língua.
    Um termo não dicionarizado só pode ser usado em itálico, dizia há não muito tempo uma regra natimorta da escrita formal.
    Mas então uma palavra não é digna de letras redondas senão dicionarizada?
    Os problemas acerca desse tema já foram debatidos por grandes filólogos à época que certa figura pública teria malfadadamente dito a palavra não-dicionarizada "imexível".
    Lembro-me do saudoso Antonio Houaiss oferecer lições de morfologia lingüística a vários meios de comunicação, pelos quais bradava que nada havia de errado com a expressão ministerial. Em vão! O dicionário falou mais alto do que o organizador do que viria a ser o maior dicionário contemporâneo da Língua Portuguêsa. Imexível não constava do dicionário.
    Agora consta: está no Houaiss. E nem assim reabilita-se o ministro.Um dicionário cresce. Cresce de edição para edição, assimilando neologismos, e cumprindo a tarefa de discernir entre efemeridades e ingressos permanentes. Difícil tarefa, sem dúvida!
    Não poderia haver, claro!, um dicionário completo. Uma língua tem falantes, os falantes incormporam vocábulos de outras línguas, inventam algumas palavras, criam códigos específicos, que ou sucumbem ou tornam-se mais gerais.
    Tudo isso impediria e restringiria o alcance do dicionário, mas ainda não é a sua única limitação.
    Pode-se citar pelo menos mais duas: a potencialidade derivacional das raízes e as variações no tempo e no espaço da regência e do significado de uma mesma palavra.
    Essas dificuldades trazem-me a alegria de saber-me em outra profissão que não a de lexicógrafo, mas estão muito longe de serem as únicas. Antes, são algumas das muitas.
    Por outro lado, essas dificuldades do ofício do lexicógrafo dependem de um fator fundamental: que a língua tenha falantes, e que esses falantes estejam vivos (e criativos). Esse não é, como sabemos, o caso do grego
    (antigo) e do latim, assim como o de muitas outras línguas. Por isso, querida leitora, corri ao nosso título coloquei-lhe um número 'um', para que na próxima coluna conversemos sobre esses dicionários de nossas amadas línguas mortas. Até lá.

    "Em estado de dicionário" 2

    "Parei". (Torquato Neto)

    Muitos ainda se desgostam com o termo "línguas mortas". Concordo que o termo pode entrar meio torto ouvido adentro, e pode mesmo soar triste quando pensamos nas línguas mortas prematuramente pela ignorância e pela soberba de um ocidente pretensioso, que teima em permitir que se dizimem os povos
    indígenas.

    Mas eu gostaria de ver aqui, nesse cantinho nosso de tanta intimidade, a expressão "língua morta" despojar-se do manto da lamentação e revestir-se primeiramente de um colete técnico, que a faria significar "língua sem falantes nativos". Depois, ainda peço, querida leitora, que você me ajude a completar os trajes do termo, colocando-lhe a anágua da antigüidade e, por fim, a gala de seu sentido de "idioma clássico".

    As línguas com falantes vivos, nossas línguas, não se permitem dicionarizar por completo, isso, como tentei expressar na quinzena passada, não é possível para uma língua que a cada dia absorve um sem-números de vocábulos e que regurgita diariamente outros muitos. Nenhum dicionário pode, é certo, acompanhá-las por completo. Sua vida, que é a vida de seus falantes, não o permite.

    Mas o que dizer de uma língua que está parada no tempo. Sim, para os filólogos e beletristas, a morte da língua é uma parada definitiva. Uma parada no tempo e no espaço. Uma língua morta pode continuar em outra língua, como um pai no filho. Mas não em si mesma.

    Daí nasce a outra língua, a língua dos filólogos, a língua dos historiadores do idioma, dos arqueólogos da gramática e dos paleontólogos do léxico. Dessa língua tão sui generis - meio 'natural', meio invenção - brota a língua referencial do passado.

    Ao contrário dos que se escandalizam com o nome 'língua morta', comprazo-me com ele. Essa morte - ela mesma tão antiga - dessas línguas dá-lhe toda a peculiaridade que as faz fascinantes.

    Passeando pelo sítio arqueológico desses idiomas do passado, descobrimos os referenciais identitários que nossa cultura escolheu. As narrativas, os desabafos, as leis e toda a sorte de registros que os ancestrais de nossa cultura ali deixaram revelam-se àqueles que passaram pelos percalços do desvelamento de uma linguagem que se aprende solitariamente e quase em silêncio, sem a ajuda de seus falantes.

    Sem ajuda nem guia, é certo, mas não sem lanternas que iluminam por vezes com notável precisão esses sinuosos caminhos da compreensão do passado. Dentre essas lanternas há uma especialmente peculiar, que é a figura do dicionário.

    Um dicionário - ou um léxico, aqui não entrarei na distinção entre dois tipos de obras - de grego ou de latim, para citar as duas mais famosas línguas da Antiguidade ocidental, tão melhor é quanto menos se compromete
    com a precisão do significado isolado e mais com a do significado contextualizado. Um bom dicionário dessas línguas, portanto, é totalmente voltado para as referências e usos, esforçando-se ao máximo para oferecer ao consulente o maior número de ocorrências significativas.

    Essa é uma das particularidades dessas obras específicas, mas há outras. E outra delas é precisamente a possibilidade que só esses dicionários de línguas mortas têm de oferecer um verdadeiro thesaurus completo do léxico da língua em questão. Podemos dizer que somente esses dicionários podem ser completos, mesmo com os termos que só foram encontrados uma única vez, os 'hapax legomena'.

    Eles podem ser completos, é verdade; coisa que os dicionários de língua viva jamais poderiam ser; contudo, não o são.

    As razões disso são que ainda estamos longe de conhecer tudo o que tantos séculos de uso do latim e do grego nos deixaram, e que não podemos arbitrar consensualmente sobre o momento da morte do grego ou do latim. Sobre esse último aspecto, querida leitora, despeço-me recomendando, para o seu refinado deleite, a divertida página preparada pelo Vaticano (http://www.vatican.va/roman_curia/institutions_connected/latinitas/documents/rc_latinitas_20040601_lexicon_it.html), que, felizmente, ainda sopra ameno espírito sobre uma língua que as crianças não falam mais.

    domingo, 18 de abril de 2010

    Ensino deficiente derruba Brasil na corrida por avanço em tecnologia

    A baixa qualidade do sistema educacional brasileiro, em especial quanto ao ensino de ciências e matemática, está comprometendo todo o esforço que o país tem feito para avançar em infraestrutura e em uso da tecnologia da informação (TI). Fator de competitividade no mundo moderno, a TI é medida atualmente como indicador de potencial de desenvolvimento e de atração de investimentos em projetos industriais, de agropecuária avançada e de serviços que demandam tecnologia de ponta. Levantamento divulgado semana passada pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), mostra que o Brasil perdeu, em 2009, duas posições no ranking mundial organizado pela entidade com base no Índice de Tecnologia da Informação (IPI), em relação ao levantamento de 2008. O Brasil caiu da 59ª para a 61ª, numa relação que envolve 133 países (ver ranking). O WEF analisou 68 itens e constatou que o Brasil fez progressos em aspectos como telefonia, rede elétrica e centros de pesquisa. Com isso, o país ganhou posições num dos pontos mais importantes da pesquisa, o da infraestrutura. Mas esses avanços são anulados pelas deficiências da educação e pela perda de pontos preciosos em mais dois setores: burocracia e impostos. Responsáveis pela pesquisa alertam para o efeito da elevada carga tributária sobre o s produtos de tecnologia e de comunicação no Brasil, o que torna mais difícil o acesso da maioria da população a esses recursos.

    O resultado é que o Brasil está perdendo a corrida para os emergentes China (37ª), Índia (43ª) e Chile (37ª), além do pequeno Barbados (35ª), países que têm investido na criação de condições para o desenvolvimento da tecnologia da informação em suas escolas, empresas e instituições governamentais. Mesmo na comparação com os países da América Latina e do Caribe, o Brasil, além Barbados e Chile, está em posição inferior às de Porto Rico, Costa Rica, Uruguai, Panamá e Colômbia. Na região, somente o México (78ª) e a Argentina (91ª) têm perdido mais posições do que o Brasil. Os economistas do WEF reconhecem que a comparação com Barbados é deficiente, já que em países muito pequenos é mais fácil fazer uma política de desenvolvimento dar certo. O ITI é um indicador que não deve ser desprezado, pois revela o sucesso e o fracasso do esforço que os países estão fazendo para se manter atualizados e competitivos, pois mede a real implantação de novas tecnologias em cada país. Os pontos fracos detectados no Brasil, em especial o da preparação das pessoas para se interessar e para usar com eficácia os recursos da tecnologia, indicam frentes que o país deveria atacar com prioridade. Na verdade, a conclusão a que chegou o estudo do WEF já vem sendo denunciada por levantamentos realizados por instituições públicas e privadas brasileiras, que têm alertado para a proximidade de um apagão de mão de obra qualificada. Se é mais do que sabido que na área tecnológica essa deficiência na preparação do trabalhador é grave, torna-se incompreensível a falta de ação no sentido de acelerar a correção dessa falha. Privar as novas gerações de oportunidades de trabalho com a importação de técnicos ou, pior ainda, pela inviabilidade do crescimento econômico por falta de mãos e cérebros treinados será imperdoável.

    Editorial publicado no jornal Estado de Minas, 29/03/2010 - Belo Horizonte MG

    The Global Information Technology Report 2009-2010

    mais

    Aluno Integrado

    Programa ensina estudante a usar tecnologia durante a aula

    As tecnologias da informação e da comunicação (TICs) estão cada vez mais presentes na sala de aula. Pensando nisso, o Ministério da Educação criou o Aluno Integrado, programa que proporciona formação em TICs para estudantes da rede pública de ensino brasileiro. Com o programa, os alunos se tornam parceiros do professor e da escola, auxiliando tanto nas aulas, como no cuidado com os equipamentos dos laboratórios.

    O Aluno Integrado é parte do Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional (Proinfo Integrado), que envolve a distribuição de laboratórios, a capacitação de professores para o uso das TICs nas escolas e oferta de conteúdos educacionais. Em 2009, foi realizado um projeto piloto com a participação de 2.700 alunos indicados pelos coordenadores do Proinfo Integrado e pela União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) em todos os estados.

    Para participar, os interessados devem procurar o representante da Undime local ou o coordenador do Proinfo Integrado nas secretarias de educação estaduais ou municipais. O aluno também pode enviar uma mensagem ( alunointegrado@mec.gov.br ) eletrônica.

    leia na íntegra

    Leitura e livros

    Leituras privadas, livros públicos

    Por Marcelo Coelho

    Ipod, Ipad, iPhone, Bluetooth: não me perguntem a diferença entre uma coisa e outra. Quase nunca uso o celular e acho isso uma felicidade.

    Minha reação varia entre pena, horror, medo e desprezo quando vejo aquelas filas de fanáticos esperando a abertura da loja onde comprarão o mais recente brinquedo eletrônico, que, daqui a pouco, estará completamente obsoleto. Esperar continua a ser uma grande virtude. Eu teria, sem dúvida, me dado mal se tivesse cedido ao impulso de comprar uma TV de plasma há alguns anos atrás; parece que não dá muito certo e, de todo modo, barateia com o passar do tempo.

    Em matéria de eletrônicos, minha única política tem sido a de usar até que quebrem. Aí, é claro, não chego ao extremo de mandar para o conserto: isso seria xiita nos dias que correm. Como meu velho toca-discos ainda funciona, posso até saborear a secreta vingança de ver o vinil voltando à moda; no túmulo, talvez, outros motivos existirão para quem me encontrar sorrindo. Leio, entretanto, meu horóscopo do dia e corrijo o andor deste artigo.

    "Capricórnio. Hoje pode ser um daqueles dias em que você ri por dentro da miséria alheia, dos erros e das cabeçadas, que outros, mais empolgados, crentes e ingênuos, cometeram, tentando acertar e viver melhor. Tire esse dedo da cara dos outros e não seja chato achando que sabe tudo." Certo. Tiro o dedo da cara dos outros e deixo-o livre, quem sabe, para tocar algum dia a tela sensível de um iPad, se tal aparelho vier a cair nas minhas mãos.

    Por enquanto, a única coisa que vi parecida foi o Kindle, que um amigo trouxe dos Estados Unidos. A vontade de comprar veio na hora; pouco tempo depois, sumiu. O livro eletrônico da Amazon me pareceu bonitinho, elegante, e suas vantagens práticas (em viagem, por exemplo) não me deixaram indiferente. Mas espero.

    E, enquanto espero, topo com um novo argumento a favor do livro tradicional. Não aquelas elegias ao cheiro do papel, à rugosidade da encadernação etc., que tendem a esquecer as folhas que se rasgam, que se despregam da lombada, que indelevelmente registram (compro muito livro usado) as marcas de esferográfica, além da coriza de seus antigos donos. Leio, na edição traduzida do "New York Times", que a Folha trouxe encartada na segunda-feira, um problema mais grave. Coisas como o Kindle e o iPad acabam com as capas dos livros.

    Desaparece, diz Motoko Rich na sua reportagem, o prazer bisbilhoteiro de ver o que a outra pessoa está lendo no avião, no metrô ou na sala de espera.

    Desaparece também a vaidade de mostrar ao próximo que livro você está lendo. A nova-iorquina Bindu Wiles, por exemplo, ostentou durante um bom tempo, em suas viagens no metrô, o romance "Anna Karenina", de Tolstói. Orgulhava-se disso, e não haverá Kindle folheado a ouro e cravejado de cristais Swarowski que substitua essa pequena pretensão.

    Mas há soluções para tudo. Um site chamado "librarything" funciona como uma espécie de Facebook só para leitores de livros. Você põe ali a lista dos livros que andou lendo (o que é um bom registro, aliás, para depois de uns anos perceber o quanto esqueceu das próprias leituras).

    A lista inclui automaticamente a capinha do livro e mostra quantas outras pessoas o leem também. É claro que daí surgem indicações de livros parecidos, salas de discussão, tudo o que você quiser.

    O caso da americana Bindu Wiles, que gosta de aparecer com um Tolstói a caminho do trabalho, leva a pensar em outro fenômeno. Costumamos achar que toda novidade tecnológica contribui para dissolver a esfera da vida privada.

    Celulares, como se sabe, não respeitam a intimidade de ninguém. Eis que o livro eletrônico e também os iPods tornam o ato de ler ou de ouvir música muito mais secreto do que era antigamente. Alguns séculos atrás, só se lia em voz alta; música era acontecimento público. Agora, também o cinema e a televisão se individualizaram em telas portáteis, como joguinhos eletrônicos. Lamento pelas capas dos livros, tantas vezes lindas. Mas, da oração protestante à leitura de um gibi, é a vida privada que não cessa de se fortalecer ao longo do tempo; talvez todas as invasões de "reality shows" e bisbilhotices na internet não passem, na verdade, dos últimos gritos desesperados de uma coisa prestes a desaparecer: a vida em comum.

    Publicado no jornal Folha de S.Paulo, Ilustrada, 14/04/10
    Paciência em falta

    [...] OS PAIS TÊM POUCA PACIÊNCIA COM AS MANIFESTAÇÕES DA CRIANÇA, COM O CRESCIMENTO DO FILHO

    A ideia de ter filhos hoje é absolutamente sedutora. Tornar-se mãe ou pai é um fato que nunca pareceu tão importante porque é visto como modo de se realizar, de se completar, de cumprir uma missão importante. Não é à toa que tantas mulheres recorrem a procedimentos médicos diversos para conseguir engravidar.

    Definitivamente, consumimos a ideia de que ter filhos é fundamental.

    O período de gestação é cercado de acontecimentos que se parecem com pequenas festas para os futuros pais. Compras dos mais variados tipos, durante meses consecutivos, são consideradas indispensáveis: além do enxoval para o bebê, há as vestimentas para a futura mãe, que, em geral, não vê a hora de exibir sua condição.

    Aliás, um bom exemplo de como exibir a gravidez é tão importante quanto estar grávida são as entrevistas, as fotos e o modo de se apresentar de artistas que esperam um filho. Além das compras, são contratados vários prestadores de serviços e um aparato médico-hospitalar que inclui muitos exames -e não me refiro aqui ao essencial, que constitui o pré-natal.

    Depois do nascimento, a cortina desce progressiva e vagarosamente e o clima de festividade cede espaço à realidade: ter filhos, o que exige cuidar deles e educá-los, dá trabalho. Um trabalhão, por sinal. Nos primeiros anos, são noites maldormidas, trabalho braçal árduo, atenção constante e o contato com um universo radicalmente diferente do nosso: o mundo da imaginação e da fantasia.

    Além disso, ensinar a criança a estar com os outros não é tarefa simples porque os pequenos não se controlam e, portanto, por mais que entendam as ordens e orientações dos pais, precisam ser seguidos de perto e contidos sempre.

    Na segunda parte da infância, os pais precisam começar a exercitar o desprendimento em relação aos filhos, já que eles precisam crescer e a vida escolar é o campo onde isso ocorre de modo privilegiado. Na  adolescência, os pais são testados continuamente e não podem abandonar seu papel até que o filho amadureça, de preferência como uma pessoa de bem, para viver por conta própria.

    Todo esse processo exige, mais do que qualquer outra coisa, muita paciência. Aliás, creio que essa seja a virtude mais necessária a quem tem filhos. E, do mesmo modo, a que tem estado mais em falta atualmente. Os pais têm tido pouca paciência com as manifestações próprias da criança pequena, com o crescimento do filho -que tem um ritmo próprio-, com as contestações dos adolescentes. Acreditam que os filhos os fazem insistir demais nas mesmas coisas.

    Pois os pais precisam saber que, por mais ou menos 18 anos, irão repetir as mesmas coisas. "Ainda não" e "agora chega" condensam as mais importantes repetições; mudam apenas os conteúdos delas, de acordo com a idade dos filhos.

    Os pais não podem dizer que não têm paciência no exercício de seu papel. Quem tem filhos precisa desenvolver essa virtude a qualquer preço. Sem ela, os mais novos ficam na situação de órfãos de pais vivos.

    ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)

    roselysayao@uol.com.br

    blogdaroselysayao.blog.uol.com.br



    DICAS

    LITERATURA

    A literatura de Adélia Prado é sempre sensível, delicada e feminina. Esse livro, além de saboroso, promove reflexão acerca da representação da figura materna. (RS)


    Quero Minha Mãe

    Autora: Adélia Prado
    Editora: Record

    Avaliação

    Como corrigir bem as provas dos alunos

    A boa correção é aquela em que você trabalha os resultados da classe para orientar a melhor forma de avançar. Conheça exemplos de encaminhamento para três tipos de erro em Matemática.

    leia na íntegra

    mais

    Concurso para docente da Carreira do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico da Universidade Federal de Uberlândia

    Concurso Público de Provas e Títulos - 36 vagas de Professor da Carreira de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, para a Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia - ESEBA/UFU
    Edital Nº 29/2010 – ESEBA

    CONFIRA O EDITAL NA ÍNTEGRA. ACESSE:

    Aprendendo com a música

    Alunos de uma escola da área rural se divertem com a cantora Ana Cristina Silva, que desenvolve com eles um projeto pedagógico por meio do qual cantar e tocar reforçam a criatividade e o prazer de estudar

  • Mara Puljiz / Correio Braziliense






  • Kleber Lima/CB/D.A Press
    Ana Cristina (sentada, com o violão) apresenta suas composições à turma de estudantes: “Eu me transporto para o mundo das crianças”

    Timidamente, elas bateram palmas, rodopiaram e deram saltos de alegria. Assim foi o dia de ontem para um grupo de crianças com idade entre 6 e 11 anos da Escola Classe Barra Alta, em Planaltina, distante cerca de 100 km do Plano Piloto. Fantasiados dos mais diferentes bichos, os pequenos passaram a manhã cantando e dançando coreografias ensaiadas. As crianças se divertiram com a visita da cantora Ana Cristina Silva, ainda pouco conhecida na mídia, mas muito valorizada no ambiente escolar em razão do cunho educativo de suas letras. Com violão e microfone, a artista empolgou a meninada da área rural. A iniciativa faz parte do projeto pedagógico Quem canta encanta, cuja meta é valorizar a emoção, a expressão e a criatividade dos alunos.

    Vestida de princesinha — com coroa e vestido de laços —, Vanessa Dias Maia, 7 anos, foi a primeira a mostrar sua graça pelo ornamentado pátio do colégio. Em seguida foi a vez de um grupo de cigarras entrar no palco. Pulando como um grilo e vestido com roupa de TNT da cor verde, Claick da Silva Cruz, 8, dançava a música Ô grilo, com letra do poeta Antônio Vitor. Ela conta a história de um grilo que foi a uma festa de botina e fez sucesso na escola. De óculos escuros com armação branca e uma guitarra na mão, o menino arrancou aplausos dos pais, que assistiam à apresentação sentados em cadeiras enfileiradas.

    Ana Cristina encerrou o evento com a música O dito Birra. A letra fala de um menino que fazia birra para todas as coisas e ensina as crianças a respeitarem os pais. A canção se tornou o carro-chefe do CD gravado por Ana em 2004 e que, mesmo sem uma gravadora, vendeu mais de 1,8 mil cópias. “Eu me transporto para o mundo das crianças e tento conversar com elas por meio da música. Elas aprendem o sentido da pronunciação dos sons, sem contar que (a música) tem cunho educativo”, contou.

    Memorização
    Na visão da diretora Lucilene Vitorino dos Santos, a ideia é transformar a escola em um espaço mais prazeroso e divertido. Outro objetivo é desassociar a música do conceito único de lazer, utilizando-a também como forma de expansão do repertório cultural das crianças e acesso à diversidade de ritmos. “As crianças são apaixonadas pelas músicas. Os ritmos e rimas facilitam a memorização dos sons”, destacou a cantora.

    Aprender música e distinguir sons não foi uma tarefa difícil para a meninada do campo. Afinal, eles estão acostumados com o canto das cigarras, o estrilo do grilo, o mugido das vacas, o miado do gato e o latido dos cães. Orgulhoso, o produtor rural Paulo Florentino de Goes, 57 anos, observava a sobrinha de 8 se divertir como ninguém. “A área rural é um local especial para a criança porque não tem estresse e ela pode aprender as coisas com facilidade. Quando as pessoas da cidade assistem às apresentações das crianças daqui, elas ficam encantadas porque são verdadeiros artistas”, observou.

    Na Escola Classe Barra Alta, as crianças tiveram uma oportunidade de viver novas experiências, de desenvolver a leitura e a escrita e de interagir com os colegas. Brincaram, pularam, dançaram, cantaram e voltaram para casa com vontade de retornar no dia seguinte e aprender novas lições dos sons que os animais fazem. “É uma coisa linda. Me emociono quando eles chegam e até quando vão embora”, confessou Divina Alves, 64 anos, agente de conservação e limpeza da escola que trabalha há 20 anos no local.

    Hadad diz que Brasil deve erradicar analfabetismo até o fim da década

    Política pública de alfabetização

    Haddad diz que Brasil deve erradicar analfabetismo até o fim da década

    Sexta-feira, 16 de Abril de 2010

    O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou ontem (15) que o Brasil deve erradicar o analfabetismo até o fim desta década, ao participar de entrevista a emissoras de rádio no programa Bom Dia, Ministro. Atualmente, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2008 (Pnad/IBGE), a taxa de analfabetismo no país é de 10% entre a população com mais de 15 anos.
    De acordo com o ministro, o país irá cumprir o acordo assinado em 2000 na Conferência Mundial de Educação, em Dacar, que prevê a redução da taxa de analfabetismo em 50% até 2015. “Isso significa levar a taxa para 6,7% até 2015 o que nos permite prever que até o final da década o analfabetismo estará erradicado no Brasil. Por erradicado nós devemos entender uma taxa de menos de 4% [de analfabetos na população maior de 15 anos], o que a Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura] considera um indicador aceitável”, disse.
    Segundo a Agência Brasil, entre 1992 e 2008, a taxa de analfabetismo na população acima de 15 anos de idade caiu de 17,2% para 10%. Nos últimos anos, a redução tem sido um pouco mais lenta: de 2007 para 2008 o percentual passou de 10,1% para 10%. Em 2006, o índice era de 10,4% e em 2005, de 11,1%.
    Haddad ressaltou que uma das dificuldades para combater o problema é que ele atinge principalmente a população idosa que vive em cidades pequenas ou no campo. “Na população de 15 a 17 anos o analfabetismo já é de 1,7% apenas, já pode ser considerado erradicado. Na população de 18 a 24 anos, estamos com uma percentual de 2,2% de analfabetos”, comparou.


    Foto: Roosewelt Pinheiro/ABr.

    “Menas”, por favor!

    Uma língua brasileira?

    “Menas”, por favor!
    Em confronto com as regras da norma culta, duas gramáticas e uma exposição defendem o modo brasileiro de falar
    Mariana Shirai
    Marcelo Min
    FALE EM BRASILEIRO
    O linguista Ataliba Teixeira de Castilho com uma prova de sua gramática do português falado no Brasil
    A gente vamos falar errado menas vezes. Por mais estranheza que provoque hoje, essa frase poderá ser considerada uma maneira culta de usar a língua... no ano de 2210. Nem estaremos nos comunicando em português, mas sim em língua brasileira. Essas são algumas projeções feitas pelo linguista Ataliba Teixeira de Castilho, professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e estudioso da área há mais de cinco décadas. “Acho que em 200 anos teremos uma língua brasileira, totalmente diferente do português europeu e do africano”, diz ele. “Só não posso garantir, porque a linguística não é uma ciência do futuro, mas do presente e do passado.”
    Castilho é autor de uma das duas gramáticas do português do Brasil que acabam de chegar às livrarias. Os livros, somados a uma exposição em São Paulo sobre as diferentes maneiras de falar do brasileiro, são uma tentativa de valorizar os desvios da norma culta praticados no país. Eles questionam a ideia de que haja uma maneira certa e outra errada de falar.
    O futuro imaginado por Castilho pode parecer nada “haver”, mas se baseia em teorias fundamentadas. O professor esteve entre os acadêmicos que iniciaram o estudo da linguística (ciência que trata da linguagem verbal humana) no Brasil, na década de 70. De lá para cá, participou da criação de relevantes trabalhos da área, como a Gramática do português falado, primeiro estudo do gênero entre as línguas romanas, Para a história do português brasileiro e A linguagem falada culta na cidade de São Paulo. Ele se apoiou no conhecimento acumulado para escrever a recém-lançada Nova gramática do português brasileiro (Contexto, 768 páginas, R$ 69,90).
      Divulgação
      Divulgação
    A obra não é o tipo de gramática com a qual estamos acostumados. “Não estou preocupado com o certo ou o errado”, afirma Castilho (leia a entrevista). “Fiz um retrato da língua como ela é falada no Brasil, com suas variedades.” Isso quer dizer que o livro não deve ser usado como uma referência de como falar ou escrever dentro da norma culta – o conjunto de regras usadas pelos falantes cultos, descritas em gramáticas tradicionais. Ele mapeia os diferentes jeitos de usar a língua, incluindo aí formas que seriam consideradas erros pelos mais conservadores. Castilho analisa expressões como “ni mim”, “tafalano no telefone” e “quem que chegou?” a partir da constatação de que são fenômenos da língua, deixando as regras de lado. Também na trilha de identificar uma língua brasileira, o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Mario Alberto Perini acaba de lançar Gramática do português brasileiro (Parábola Editorial, 368 páginas, R$ 50). Mais concisa, a obra é a adaptação de outra gramática dele, a Modern portuguese: a reference grammar, escrita com o intuito de ensinar estrangeiros a falar o português brasileiro. “O português do Brasil (e não o europeu) é usado por 190 milhões de pessoas, é a oitava língua mais falada no mundo”, diz. “O fato de ele nunca ter sido organizado em forma de gramática é uma situação anômala, que mexe com nossos brios.”
    Castilho concorda. “O futuro da língua portuguesa repousa no Brasil.” O lançamento das duas gramáticas é também relevante para o momento atual do país. “Tudo na linguagem é uma questão política. O país está numa fase interessantíssima.” Tentativas de unificar a língua, como o recente Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, podem ser vistas como um movimento oposto ao natural distanciamento e dominância do português falado no Brasil em relação às variantes europeias e africanas.
    As iniciativas que valorizam o falar brasileiro não estão apenas nos livros. Em São Paulo, o Museu da Língua Portuguesa apresenta, até 27 de junho, a exposição Menas: o certo do errado, o errado do certo, com curadoria de Castilho e do professor de cursinho Eduardo Calbucci. É a primeira exposição do museu – um dos mais visitados do país – que trata da língua portuguesa. As outras mostras abordaram a obra de escritores, como Guimarães Rosa e Clarice Lispector.
    Marcelo Min
    SEM ERROA exposição Menas exibe desvios da norma culta, abordados nas obras de Castilho e Perini
    Os 420 metros quadrados do 1o andar da instituição foram cobertos por instalações multimídias, jogos interativos e vídeos que tratam exatamente dos desvios da norma padrão praticados pelo brasileiro na fala, na escrita cotidiana, na literatura e na música. “Queremos mostrar que o bom falante é aquele que sabe escolher a variedade linguística de acordo com a situação”, afirma Calbucci.
    A exposição aborda com sucesso a ideia de que não há maneira errada de usar a língua. Logo no início, o visitante depara com frases como “Se alguém usou uma palavra, ela existe” e “A língua varia no tempo e no espaço”. Visitada principalmente por grupos de crianças em fase escolar, a exposição pode ser um problema, caso não haja orientação correta. Mesmo que sem intenção, ela valoriza os desvios em detrimento da norma culta. “Não é uma boa iniciativa”, diz o professor Evanildo Bechara, o mais importante gramático do Brasil. “É como dizer: ‘Se todo mundo está usando o crack, por que eu não vou usar?’. Se o aluno aprende a língua que ele já sabe, ou a escola está errada, ou o aluno não precisa da escola.”
    O mérito da exposição e das gramáticas de Ataliba e de Perini está em divulgar uma ideia simples e ainda pouco compreendida: a língua está em constante mutação. Por isso, não deve ser avaliada apenas a partir da norma culta. O que hoje é visto como erro pode ser abraçado pelo padrão amanhã.
    | Revista Época /18/4/2010
    ROSELY SAYÃO

    Dinheiro: modo de usar



    [...] MAIOR REGULARIDADE DO QUE EU GOSTARIA, ME SURPREENDO COMPRANDO PEQUENAS INUTILIDADES DOMÉSTICAS


    Educação financeira é um dos assuntos do momento entre os adultos que participam da educação dos mais novos. Pais e escolas querem que crianças e adolescentes tenham uma visão equilibrada do dinheiro e de seu uso. Tarefa difícil, principalmente quando lembramos que vivemos na era do consumo.
    Para os adultos, já é difícil lidar com essa questão. Com maior regularidade do que eu gostaria, me surpreendo comprando pequenas inutilidades domésticas.
    Com muito custo, consegui superar o gasto com as grandes inutilidades. Pessoas conhecidas gastam mais do que deveriam e contraem dívidas desnecessárias: carros maiores do que precisam, inovações tecnológicas que pouco facilitam a vida, roupas e acessórios caríssimos, entre outras coisas. E queremos ensinar o uso parcimonioso do dinheiro!
    Corretíssimo que nosso anseio seja o de que eles nos superem e não repitam nossos defeitos -faz parte dos princípios de uma boa educação. Entretanto, poderíamos fazer mais do que tentar introduzir na escola -para citar um exemplo- a educação financeira.
    Poderíamos começar reduzindo a lista de materiais que os pais compram para os filhos iniciarem animados o ano letivo. Dei uma rápida olhada em listas enviadas pelas escolas e conversei com algumas mães a respeito. Comecemos pelos pedidos das escolas.
    Crianças que frequentam a educação infantil precisam levar de 100 a 500 (!) folhas de papel, fora os lápis coloridos, papéis e tintas dos mais variados tipos, colas, pastas, cadernos, agenda etc.
    Alunos que frequentam o ensino fundamental e médio precisam levar agenda, cadernos espirais com cem folhas, calculadora e livros, muitos livros! Ah, se a relação entre quantidade de material e aprendizagem fosse direta! Mas não é o que tem ocorrido, como indicam as avaliações internacionais.
    Como se não bastasse o exagero dos pedidos de muitas escolas, os pais adicionam outras coisas às listas: malas enormes, mochilas de marca, estojos com múltiplos compartimentos e lápis, canetas e borrachas suficientes para recheá-los.
    Para ir à escola são necessários poucos acessórios: um lápis, uma caneta, uma borracha, um apontador, um caderno e os livros. Basta isso, já que não são tais objetos os responsáveis pelo bom aproveitamento do aluno. Aliás, quanto mais material, maior a distração e menor a disposição para a concentração e o esforço para aprender.
    Bem, mas não é só em relação ao material escolar que os pais ensinam o mau uso do dinheiro aos filhos: é também no valor da mesada que dão, na compra de roupas, brinquedos e outras coisas que eles já têm -e em grande quantidade. Como as crianças aprendem principalmente observando os pais, seria bom que eles
    fizessem mais do que colocar o filho em cursos de educação financeira. Rever os próprios hábitos de consumo e usar a mesada como estratégia educativa talvez sejam os recursos mais poderosos que os pais têm para dar uma boa educação financeira aos filhos.

    ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)

    rosely.sayao@grupofolha.com.br

    blogdaroselysayao.blog.uol.com.br


    Museu de Valores
    http://www.bcb.gov.br/?MUSEU

    O projeto UCA será engatilhado - Laptops

    Estudantes começam a receber 150 mil computadores portáteis

    Distribuição de máquinas começa por Tiradentes (MG); investimento total foi de R$ 82 milhões
    Começa nesta quinta-feira, 15, a distribuição do primeiro lote dos laptops educacionais do programa Um Computador por Aluno (UCA). Na primeira etapa serão distribuídas 33.765 máquinas para 85 escolas em 10 estados. Até o final do ano, o Ministério da Educação entregará 150 mil computadores portáteis para alunos de 300 escolas da rede pública de ensino.

    A distribuição começa por Tiradentes (MG), um dos cinco municípios nos quais todas as escolas receberão o computador portátil. Serão beneficiadas seis escolas municipais e uma estadual que totalizam 1.172 alunos.

    leia na íntegra